Por Deputado Luiz Couto
A política de imigração implementada pelo governo de Donald
Trump nos Estados Unidos levanta teses do que são direitos humanos, ética e
compaixão. Entre as práticas mais controversas estão às deportações em massa de
imigrantes, muitas vezes realizadas de forma desumana, com pessoas algemadas e
acorrentadas como se fossem criminosos perigosos. Essas ações não apenas violam
princípios básicos de dignidade humana, mas também refletem uma profunda
desconexão com os valores cristãos que muitos líderes políticos alegam
defender.
Se Jesus
Cristo entrasse nos Estados Unidos hoje para pregar o evangelho, é provável que
Ele fosse tratado como um imigrante indocumentado. Afinal, Jesus sabia muito
bem o que significava ser um estrangeiro. Quando criança, Ele e sua família
fugiram para o Egito como refugiados, escapando da perseguição mortal do rei
Herodes (Mateus 2:13-15). Durante Seu ministério, Jesus experimentou a falta de
um lar fixo, declarando: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus
ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lucas 9:58). Sua
vida foi marcada pela mobilidade e pela solidariedade com os marginalizados.
Jesus não
apenas vivenciou a condição de estrangeiro, mas também ensinou a importância de
acolhê-lo. Em Mateus 25:35, Ele disse: “Pois tive fome, e vocês me deram de
comer; tive sede, e vocês me deram de beber; era estrangeiro, e vocês me acolheram.”
Essa passagem é um chamado direto para que os cristãos pratiquem a
hospitalidade e a compaixão, especialmente para com aqueles que estão em
situação de vulnerabilidade. No entanto, as políticas de imigração de Trump,
caracterizadas pela construção de muros físicos e simbólicos, parecem ignorar
completamente essa mensagem.
A Declaração
Universal dos Direitos Humanos, adotada pelas Nações Unidas em 1948, estabelece
princípios fundamentais que devem guiar o tratamento de todos os seres humanos.
Entre esses princípios estão:
Artigo 1: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e direitos.”
Artigo 3: “Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à
segurança pessoal.”
Artigo 5: “Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
ou castigo cruel, desumano ou degradante.”
Artigo 9: “Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou
exilado.”
Artigo 14: “Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o
direito de procurar e de gozar asilo em outros países.”
As políticas
de deportação em massa e o tratamento desumano de imigrantes durante o governo
Trump violam diretamente esses artigos. Separar famílias, deter crianças em
condições precárias e deportar pessoas algemadas e acorrentadas são práticas
que desrespeitam a dignidade humana e configuram crimes contra a humanidade.
A mensagem
de Jesus é clara: o papel do cristão não é construir muros, mas abrir portas.
Não é julgar, mas acolher. Não é excluir, mas incluir. Independentemente de
origem, orientação sexual ou condição social, todos são dignos de amor e
respeito. A prática cristã deve ser guiada pela compaixão e pela justiça,
especialmente em relação aos mais vulneráveis, como os imigrantes e refugiados.
Infelizmente,
muitas das políticas implementadas por Trump e seus apoiadores parecem refletir
uma visão distorcida do cristianismo, que prioriza o nacionalismo e a exclusão
em detrimento dos valores evangélicos. Essa abordagem não apenas prejudica os
imigrantes, mas também mancha o testemunho cristão perante o mundo.
A crise
humanitária enfrentada pelos imigrantes nos Estados Unidos sob o governo Trump
é um alerta para todos nós. Ela nos desafia a refletir sobre nossos valores e a
agir em conformidade com os princípios de justiça e compaixão ensinados por
Jesus. A Declaração Universal dos Direitos Humanos não é apenas um documento
legal; é um chamado moral para garantir que todos os seres humanos sejam
tratados com dignidade e respeito.
Como
cristãos, somos chamados a ser luz em um mundo muitas vezes sombrio. Isso
significa defender os direitos dos imigrantes, lutar contra políticas desumanas
e, acima de tudo, lembrar que cada pessoa é uma criação divina, merecedora de
amor e acolhimento. Afinal, como Jesus nos ensinou, ao acolhermos o
estrangeiro, estamos acolhendo o próprio Cristo.
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